Em 1998 estava eu a trabalhar no Pavilhão da Arábia Saudita e dei-me conta de um fenómeno muito conhecido pelo povo português, a Carneirada! O Pavilhão era grande e tinha coisas muito engraçadas para conhecermos. Numa sala completamente vazia, uma das paredes tinha uns buracos onde tinham sido colocadas fotografias da Arábia Saudita. Pessoalmente nunca achei as ditas engraçadas mas os visitantes teimavam em ver todinhas. Até aqui tudo bem! Acontece que especialmente aos fins de semana, além da fila que se formava para entrar no pavilhão, lá dentro e nesta sala especifica, voltava a formar-se uma fila que por vezes dava a voltinha, tal qual serpente encantada. Eu, no meu papel de anfitriã, voltava-me para os visititantes e com o meu melhor sorriso informava que as fotografias não eram sequenciais e que podiam ver pela ordem que quisessem e não necessitavam de ficar tanto tempo na fila, ainda para mais foi um verão quente e dentro daqueles pavilhões, literalmente éramos cosidos vivos!!! Qual não era o meu espanto quando os ditos visitantes olhavam-me com ar feroz, de alto a baixo como que a insultar-me mentalmente, encolhiam os ombros e faziam ouvidos de mercador e continuavam firmes e hirtos na filinha. Claro que quando chegavam à que consideravam ser a última fotografia, faziam comentários do género ... " Afinal não era nada de especial..." mas no entretanto tinham desperdiçado uns bons 15 a 20 minutos ali.
Lá fora os chicos espertos multiplicavam-se. Desde senhoras com barrigas falsas que depois de entrar e sem pudores tiravam a almofadinha, bebés com pais diferentes ( chegávamos a nos dirigir aos bebés a rir e a dizer coisas do género, voltaste bebé? Perdeste a chucha foi? e os segundos ou terceiros pais ficavam vermelhos como um tomate e xispavam dali para fora. ), velhotes em cadeiras de rodas que tinham o privilégio único de ver o mesmo pavilhão vezes sem conta , às vezes a dormir, conforme eram passados pelas mãos de todos os familiares (só entrava um a acompanhar). Uma das minhas favoritas foi um Senhor que se chegou ao pé de um colaborador e disse ..." Olha desculpe, a minha mulher já está lá dentro, posso entrar? É que eu fui à casa de banho e ela entrou sem mim..." uma vez lá dentro nunca ninguém via a esposa em lado nenhum! Outro e perto da hora de fechar do pavilhão em que já ninguém entrava, tivemos um senhor com uma t-shirt a dizer FBI, daquelas que se compram nas feiras ou que se mandam imprimir, que embirrou que queria entrar. Ao ser-lhe barrada a entrada pelos motivos óbvios este senhor desatou a dizer aquelas coisas engraçadas ... "Vocês sabem quem eu sou?" " Não sabem com quem se estão a meter...!" ... e depois partiu para a agressividade e tivemos mesmo que chamar um dos seguranças. Da outra vez foi um senhora idosa que embirrou que queria entrar para ir à loja comprar uma coisa que se tinha esquecido de comprar no dia anterior. Eu disse-lhe que deveria estar enganada uma vez que o nosso pavilhão não tinha loja, mais tarde foi improvisada uma porque toda a gente queria dali sair com uma lembrança da Arábia Saudita para mostrar aos amigos. Pois esta senhora teimou a pés juntos comigo que ela lá tinha estado no dia anterior e que havia loja sim senhora! E eu respondia sempre que era completamente impossível, fisicamente impossível uma vez que nunca tínhamos tido uma loja. A senhora foi-se embora a muito custo e acho que me rogou umas quantas pragas pois não acreditou em nada do que eu disse. Havia ainda aqueles que ficavam nas filas intermináveis ao sol e calor, não para verem os pavilhões mas para colocarem um carimbo nos passaportes que compravam, só para mostrarem que tinham ido a todos os pavilhões, mas se lhes perguntassem o que tinham visto não sabiam, até porque para o fim da exposição, limitavam-se a ir à saída do pavilhão para colocarem o carimbo sem sequer lá ter entrado!
Mas este fenómeno não se limita apenas a este tipo de filas. Nos restaurantes, enquanto os turistas adoram o rústico, escondido e com mais mal aspecto porque usualmente são os que têm a comida mais típica e não são tão caros, os restaurantes finos e alegres e bem decorados andam sempre às moscas. Mas se formos portugueses, a distinção é outra completamente diferente. Se passamos por um restaurante com fila para entrar e que está cheio, embirramos que é aquele onde queremos ir, porque se tem muita gente é porque é bom. Então ficam na fila com os miúdos a berrar de fome, as senhoras sentadas em murinhos ou em cadeiras vazias com ar enfadado e já fartas de aturar os miúdos e os senhores andam por ali num entra e sai dos restaurantes como se assim se conseguissem sentar mais rapidamente, sim porque atiram uns olhares de quem nos quer comer. Aos clientes que já pagaram mas ainda não se levantaram, deitam aquele olhar matador e acusador esquecendo que quando são eles, são capazes de ali ficar sentados em frente a uma chávena vazia de café uma boa horinha só na converseta... ou então, aos clientes que têm o azar de estar tranquilamente a comer a sobremesa, são mirados, ou por outra, fuzilados pelos seus olhares e suspiros audíveis e comentários atirados ao ar e nunca dirigidos directamente do tipo ..." estes gajos! Nunca mais acabam e com tanta gente à espera!"....
Já nos supermercados a coisa muda de figura. Já repararam com certeza daquela inevitabilidade. A nossa fila é a que anda mais devagar! E nem vale a pena mudarmos de fila porque de imediato toda a gente tem a mesma ideia e esta passa a não andar de todo. É tal e qual o fenómeno do transito, a fila que escolhemos nunca anda! Eu, pessoalmente fico completamente agastada com estas coisas pois odeio estar parada e sim, sou daquelas que começo a mudar de fila na esperança, vã, de andar um pouquinho mais depressa e depois quando isso não acontece deito fumo pelas ventas e mando vir com toda a gente. Quem tem o privilégio de trabalhar ao fim de semana deita fumo muitas vezes porque toda a gente sai à rua apenas para passear carros, como já disse noutro post, e euzinha tenho de me aguentar para não andar ali a fazer rali ou gincana. Confesso que não consigo! Sou daquelas que odeio andar para trás ou voltar para trás caso me esqueça de alguma coisa e mais ainda odeio estar numa fila onde o pessoal não anda! E é sempre a mim que, nos supermercados, acontece acabar o papel da máquina registradora e da menina que lá está ser novata e não saber como colocar o novo rolo. Juro, começo a revirar os olhos de tanta angústia.
Em repartições de Finanças ou na Segurança Social, quando sou eu a ser atendida, por qualquer motivo, levo sempre metade do tempo das outras pessoas e nem por isso deixo de ser simpática e cortez com quem me atende. Faço muitas vezes figuras de parvinha, do género completamente ignorante, e peço desculpas pela minha falta de conhecimento e então a funcionária assume o seu papel de mãe e ajuda-me em tudo o que eu quiser. Já se for homem, basta-me mandar umas graças relacionadas com o assunto em questão, rimos os dois e logo, logo faz o que lhe pedi e rapidinho! Nas finanças é sempre muito engraçado, os outros demoram uns bons 15 a 20m a serem atendidos e eu, com mais coisas para tratar, saio de lá em menos de 10minutos! Claro que no entretanto estive umas horas à espera da minha vez...
Já nos supermercados a coisa muda de figura. Já repararam com certeza daquela inevitabilidade. A nossa fila é a que anda mais devagar! E nem vale a pena mudarmos de fila porque de imediato toda a gente tem a mesma ideia e esta passa a não andar de todo. É tal e qual o fenómeno do transito, a fila que escolhemos nunca anda! Eu, pessoalmente fico completamente agastada com estas coisas pois odeio estar parada e sim, sou daquelas que começo a mudar de fila na esperança, vã, de andar um pouquinho mais depressa e depois quando isso não acontece deito fumo pelas ventas e mando vir com toda a gente. Quem tem o privilégio de trabalhar ao fim de semana deita fumo muitas vezes porque toda a gente sai à rua apenas para passear carros, como já disse noutro post, e euzinha tenho de me aguentar para não andar ali a fazer rali ou gincana. Confesso que não consigo! Sou daquelas que odeio andar para trás ou voltar para trás caso me esqueça de alguma coisa e mais ainda odeio estar numa fila onde o pessoal não anda! E é sempre a mim que, nos supermercados, acontece acabar o papel da máquina registradora e da menina que lá está ser novata e não saber como colocar o novo rolo. Juro, começo a revirar os olhos de tanta angústia.
Em repartições de Finanças ou na Segurança Social, quando sou eu a ser atendida, por qualquer motivo, levo sempre metade do tempo das outras pessoas e nem por isso deixo de ser simpática e cortez com quem me atende. Faço muitas vezes figuras de parvinha, do género completamente ignorante, e peço desculpas pela minha falta de conhecimento e então a funcionária assume o seu papel de mãe e ajuda-me em tudo o que eu quiser. Já se for homem, basta-me mandar umas graças relacionadas com o assunto em questão, rimos os dois e logo, logo faz o que lhe pedi e rapidinho! Nas finanças é sempre muito engraçado, os outros demoram uns bons 15 a 20m a serem atendidos e eu, com mais coisas para tratar, saio de lá em menos de 10minutos! Claro que no entretanto estive umas horas à espera da minha vez...
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