-É melhor não porque se pode partir...
-Não, eu tomo conta...vá lá mãe, posso levar?
Eu não queria deixar porque o dito peixinho era feito de vidro, a imitar os bichinhos da Swarovski, muito bonitinho e pequenino. Não sei porquê nem como, no outro dia encontrei-o ainda embrulhado em papel de jornal, vítima do meu esquecimento e da minha mudança de casa ( já vou em duas desde que casei...), e desde esse dia, D. Pimpolha tomou para si o dito peixinho e até um ninho lhe arranjou. Francamente, com tanto bicho de peluche e tanto brinquedo, é sempre com estas coisas que prefere brincar. Adiante...
Porque achei que não devia dizer que não, porque ela me prometeu ser responsável, porque me fez olhinhos de bambi, porque já tinha levado outras coisas do género que embora tenham voltado intactas, só vieram uns dias depois devido ao seu esquecimento, enfim, lá resolvi deixar sob um chorrilho de pedidos de atenção, para que tivesse muito cuidado, para que não o emprestasse, e por aí em diante. Mas o que é que eu tinha na cabeça? Se é que alguma coisa... Resultado...
Á hora prevista fui buscar D. Pimpolha e a primeiríssima coisa que uma sua coleguinha me disse foi
- Ela partiu qualquer coisa do peixe...
Mau!
-Onde está o peixinho?
D. Pimpolha levou a mão ao bolso o que não foi nada encorajador para mim...
-Onde está o ovo (uma caixa de cerâmica que ela descobriu e que servia de ninho) onde vinha o peixinho...
Os olhos e os maineirismos fizeram-me perceber que já não o tinha consigo e que teria deixado algures pela escola. Zanguei-me e pedi-lhe que o fosse buscar para irmos embora para casa...
-Não quero ir-se embora! Quero ir para casa da Joana...
-Não é não quero ir-se... é não me quero ir embora e vamos sim senhor!
A esta altura já eu fervia com a história do peixe onde parte da culpa foi nitidamente minha que não a devia ter permitido levar para a escola e porque ultimamente me desafia e em frente a toda a gente diz-me que não e que não se quer ir embora obrigando-me a fazer papel de má, a virar os olhos e a exigir-lhe que se venha embora imediatamente sem birras...
-Veste o casaco se faz favor e vamos já embora.
No carro dei-lhe um sermão e disse que estava de castigo e não via bonecos, nem de manhã enquanto tomava o pequeno almoço. Como era segunda feira e por norma faz sempre uma espécie de teste, perguntei que nota tinha tido e disse-me um 3 ( nesta escola a pontuação vai de 1 a 5 sendo 1 a melhor nota...) porque não tinha estudado em casa porque eu tinha sido simpática e a tinha deixado ir dormir a casa da D. Tété de sábado para domingo, e como é normalmente no domingo de manhã que faz os trabalhos e estuda...
-Que nota teve a Lara?
Por norma as duas têm notas parecidas à excepção de matemática onde a amiga é craque...
-Não sei, não me lembro...
-Sabes sim senhora! Não queres é dizer... Teve um 1 não foi?
-Sim...
Resultado, ficou de castigo porque tinha partido o peixinho e porque me tinha mentido... Vá de fazer zangada 4 frases para ela copiar 10 vezes e mais um texto, uma redacção sobre como se tinha portado mal!
No outro dia...
-Lembras-te da história do peixinho? Disse eu.
-Qual peixinho??????????
AAAAAAAAHHHHHHHH Mãe sofre!!!!!!!
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