Ok! Como mãe sei perfeitamente que vai ser impossível proteger a pimpolha de todas as coisas más! Dos medos, de feridas, etc, mas como mãe nós tentamos sempre que os nossos braços e colo os protegem até da chuva mais miudinha! Que fazer quando a pimpolha chega a casa e muito reticente nos diz que quer dormir na nossa cama porque tem medo da bruxa... Um amiguinho da escola mais velhinho que ela, anda a contar histórias de terror sobre uma bruxa, um bebé verde e um touro (???) esta nunca eu ouvi, mas com toda a paciência e graça expliquei que não existiam bruxas e que bruxa era eu quando ela se portava mal... bem chegadas a casa resolvi pegar no touro pelos seus respectivos corninhos e tentar dar a volta a esta questão da bruxa e do medo de dormir à noite. Pedi-lhe para fazer um desenho sobre a bruxa e os outros intervenientes nesta macabra história e depois dobrar a folha muito bem dobradinha, após o que iríamos deitar fogo à bruxa... sem me aperceber ando a perpetuar o mito da purificação pelo fogo, mas enfim... ia já o desenho a meio da queimadura e lembrei que o melhor mesmo era dizer-lhe que nunca em circunstância alguma deveria tentar fazer aquilo sem a minha presença ou a de qualquer adulto, tipo please do not try this at home!... Meu Deus! Ensinei-a a deitar fogo... que perigo! Claro que a esta altura já nada havia a fazer a não ser explicar-lhe os perigos de atear um incêndio e que poderia se queimar e muito e ir parar ao hospital com muitas dores... cada vez estava a fazer pior... Bem julgava eu que a história tinha ficado por ali já que para não queimar nada em casa, para além do desenho, fomos até à varanda e deixei o desenho a queimar na tigela da cadela, que não se estraga, e às tantas havia mais gargalhadas do que medo pois a cadela parecia querer comer a bruxa através da inalação do seu fumo que a mim me deixou mal disposta e cheia de lágrimas... à hora de dormir veio de novo à baila a bruxa... desconversei mas deixei-a adormecer na nossa cama, não foi uma jogada inteligente pois ao quebrar a rotina dei a entender que afinal o raio da bruxa até era perigosa... Chamou pelo pai, por mim, e resolvi voltar e coloca-la na sua caminha no meio dos seus muitos peluches que têm direito a dormir com ela, rezamos e puxei a cordinha do peluche musical, tal qual como era bebé e que até hoje serve para a adormecer. Nada! Só me dizia em voz baixa que ainda não estava a dormir. Pronto, tirei-a da caminha e sem dizer palavra levei-a para a sala e deitada com a cabeça no meu colo enquanto eu via um filme sem som, finalmente adormeceu pelo que a pude ir deitar na sua caminha e aí dormiu toda a noite sem vestígios da visita da bruxa. Fiquei contente por este episódio ter terminado bem, no entanto e antes de ter decidido que o melhor mesmo era adormecê-la fora do quarto, rebelei-me contra o dito miúdo e disse em voz alta que quando o visse lhe dava um enxerto de porrada (perdoem-me a expressão mas na altura disse que lhe batia), e o iria proibir de contar estas histórias às criancinhas mais pequeninas... Foi um desabafo de desespero por pensar que a minha noite ia ser bastante agitada e animada por constantes chamamentos por parte da minha pimpolha e eu não iria conseguir pregar o olho... Tudo se resolveu mas na altura não o sabia... Hoje de manhã e já nem me lembrando do que tinha dito, oiço-a dizer ao Papá que a Mãe ia bater no menino que lhe tinha contado aquela história... e agora? Ela levou a sério e claro que eu nunca iria levar avante aquele meu despropósito... O pai lá lhe disse que eu estava a brincar e a coisa passou... Ou seja as cabecinhas das criancinhas são de facto umas autenticas esponjinhas e absorvem tudo o que ouvem, mesmo aquilo que nós não gostaríamos que tivessem ouvido, especialmente o que nós não gostaríamos de ter dito, pelo menos em voz alta. Espero que à tarde, quando a for buscar não tenha o pai do miúdo à minha espera com cara de poucos amigos a pedir explicações do porquê da minha malfadada promessa de chocalhar o seu mais querido filho...! Ufa!!!
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