domingo, 19 de agosto de 2012

Conversando com Deus!

Nunca fui muito de ir à igreja e de me confessar, aliás confesso que não tenho a mínima paciência para lá ir, ouvir os sermões do Sr Padre que são todos tiradinhos dO Livro e que muitos , hoje em dia, já nem têm cabimento, outros ainda vão conseguindo adaptar. São muito poucos os Srs Padres que conseguem cativar aquela gente, mas quando digo cativar é fazê-los de facto entender o amor e o perdão e fazê-los sair dali com vontade de mudar para melhor. Muitos são os que lá vão por imposição, dos pais, da sociedade, porque só ali revêm amigos, enfim... Fui baptizada e fiz a minha primeira comunhão. Claro que para mim aquilo foi uma festa mas não gostei mesmo nada de ter ido ao confessionário, coisa obrigatória mesmo para uma criancinha da 4 classe que segredos e pecados têm muito poucos. Mas mesmo com esta memória de peixinho de aquário, que é o mesmo que dizer, nenhuma, eu me lembro de ter sido quase que obrigada a mentir ao SR Padre para arranjar pecados porque quando confrontada com a pergunta, não me lembrava de nenhum a não ser que me tinha portado mal por não ter feito ou obedecido à minha mãe e por lhe ter mentido... mas o senhor sentado do lado de lá do confessionário ficou zangado (imagine-se!!!) por eu não conseguir produzir mais e melhores pecados... Isto é completamente ridículo mas pronto, fiz a minha primeira comunhão na mesma e ainda me lembro do meu par ter sido o Diogo...
Hoje em dia confesso de novo que embora more mesmo atrás da igreja, não vou lá. Primeiro porque desgosto do SR Padre que está nesta igreja e que é demasiado moralista e paternalista para meu gosto. Uma vez e durante uma missa para a minha avó que tinha falecido, daquelas de 7 dia em que nós vamos lá dentro e "pagamos" para que o Sr Padre a dada altura diga o nome do nosso ente querido, assim como quem anuncia os vencedores de um qualquer concurso sem muita importância, virou-se e disse que tínhamos de ter pena daqueles que procuravam conforto noutras igrejas que não a católica porque com certeza não eram bons da cabeça, tipo atrasados mentais dos quais tivéssemos que ter pena porque não sabiam melhor... Por favor! Fiquei indignada por ver o nome da minha avó no meio de textos tão, tão, idióticos para não dizer pior! Ainda para mais D. Tété cresceu quase no meio deles, que é como quem diz. Lá na quinta era onde se faziam as hóstias ( que pelos vistos a minha mãe tinha muito gosto em ir roubar porque eram gostosas e na altura as melhores bolachinhas que uma criança podia arranjar, ainda para mais proibidas...) e onde vários srs Padres iam para se reunir e fazer planos para procissões e coisas do género e a D. Tété lembra-se bem de, escondida, ouvi-los comentar confissões, sem nunca dizer os nomes dos que se tinham confessado, está claro, mas naquela altura e com tão poucos e conhecidos fiéis, era óbvio que ficavam a saber tudo da vida dos outros. Se por um lado eu ache que eles têm de descomprimir por algum lado pois penso que não seja nada fácil ir contra a natureza humana de partilhar a vida, o amor e o corpo com outro ser humano de outro sexo, por outro lado achei isto tudo uma escandaleira. Não por partilharem confissões, mas por agirem de uma maneira junto aos fiéis e projectarem um imagem santa e digna de ouvir os nossos mais terríveis segredos, e depois por trás serem tal e qual como todos nós, com as mesmíssimas vontades e necessidades... Prefiro os Padres das igrejas que lhes permitem casar e ter família porque só assim sabem bem o que se passa dentro de uma casa e como aconselhar ou pelo menos tentar.... Uma vez li sobre um dilema gravíssimo, como sabemos todos a igreja condena o uso do preservativo, mas acontece que um casalinho novo, acabado de casar, descobriu que se tivessem filhos, estes teriam grandes probabilidades de ou morrerem à nascença ou de nascerem mas com grandes deficiências. Ora como a igreja condena o uso de qualquer tipo de contraceptivo e não permite o divórcio, vamos todos parar ao inferno, o tal casal muito devoto e de famílias devotas não sabia o que fazer. Não podiam usar nada, não queriam ter filhos nestas condições, não os podiam ir ter com outras claro, olha o adultério e por último não se podiam divorciar e tentar a sorte com outra pessoa cujo sangue fosse compatível...
Mas uma coisa devo aqui confessar. Quando me sinto mesmo muito aflita, quando preciso mesmo muito e mesmo não acreditando num velhinho sentado num trono lá no céu, acredito em outras coisas, viro para ele a minha atenção e rezo com todo o fervor que consigo. Muitas são as vezes em que penso ter sido atendida... Coincidências...talvez... às vezes até se tratam de coisas bem simples mas que me fazem achar que se calhar, até me ouviu e me beneficiou...
Uma vez D. Tété muito aflita pediu ajuda a Deus....e ele não só a ouviu como ela acha que ele veio ter com ela em carne e a ajudou... e ele disse, A Sra não me pediu ajuda? Não chamou por mim? Então eu estou aqui! Naquele momento ela não percebeu mas mais tarde e de cabeça mais calma pôs-se a pensar e ainda hoje jura que era Ele! Perguntei-lhe se se lembrava de como Ele era e ela disse-me que não tinha prestado atenção, tão doente que estava... Claro que prefiro mil vezes pensar que assim foi e que ela é e foi abençoada do que pensar que lá para cima não está mesmo nada... mas é cada dia mais difícil de aceitar as coisas que vemos a acontecer, como é que Deus permite tais atrocidades? É por que numa outra vida qualquer já fizemos sofrer assim e agora devemos ser nós a sofrer? Acho que a minha alma se debate muitas vezes com estas questões e tanto acredita como não acredita em Deus e no Diabo, no céu e no inferno... para mim o inferno é este na terra, mas quem sou eu para o afirmar...
Mas que é um facto que quando me sinto com medo e aflita eu rezo para ele, lá isso faço. Faz-me sentir um pouquinho mais tranquila...
Mas se pudesse conversar com Deus, assim como aconteceu a D. Tété, gostaria de lhe perguntar algumas coisinhas, tentar com que me convença de que o que acontece tem de acontecer...

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