sábado, 26 de maio de 2012

O Faroeste Algarvio...ou quase

Serei eu ou cada vez mais as paisagens algarvias se assemelham às planícies norte americanas com as suas manadas de cavalos selvagens a pastar por ali???  É só passar naquelas estradas secundárias e ver uma data de animais ali parados, sim porque não estão propriamente à solta, estão bem, ou talvez não, presos a umas cordas o que lhes permite andar apenas à volta tal qual carrocel maldito. Sim porque acredito piamente que não deve ser nada fácil para aqueles animais e surpreende-me que nenhuma organização dos direitos dos animais tenham vindo já a publico condenar esta forma de ter um animal daqueles. Ora pode se considerar que têm pasto para comer naquele maldito círculo mas e água? Na natureza os animais escolhem muito bem os locais de pastagens e são geralmente locais com algum provimento de H2O mas ali, naqueles pastos algarvios não há água à vista. Podem comer tudo o que lhes apetecer mas beber só quando vejo uma carrinha, ou um carrito a aventurar-se em estradas ainda mais secundárias, ou terciárias mesmos, e que lá lhes deixam uns balditos com água. Claro está que ou entornam com a maldita da corda ou ao fim de uma meia hora apenas, a água já deve dar para lá cozer umas couves de tão quentinha que está, ali exposta ao sol.  Alguns têm a sorte do dono ser expedito e de lhes ter arranjado uma banheira antiga ou daquelas que de vez em quando vemos atiradas para o lixo e de aí lhes deixarem o tão precioso líquido indispensável para todos os seres vivos e quem sabe alguma ração... Ainda hoje a caminho do trabalho, vi dois dos animais que mais gosto ali deitados e vem-me sempre à cabeça um comentário de alguém que sempre me disse que a postura normal dos cavalos é sempre de pé, com toda a certeza estes animais também se deitam mas, fico sempre a pensar que talvez estejam doentes ou desidratados... Ao longe havia uma manada de cavalos, todos de pé e quase todos parados, impedidos pelo seu cárcere de andar livremente por onde querem. O melhor seria os donos todos se juntarem, arranjarem umas cercas improvisadas e fazerem ali um rancho fictício e depois combinavam os dias em que cada um lá ia tratar dos animais...AH! É verdade! As terras onde depositam aqueles belos animais não lhes pertencem... daí lá os deixarem à socapa... agora me pergunto... para que servem aqueles animais? Não são obviamente animais de trabalho senão não estariam sempre ali, não servem para passear pois mais uma vez, estão sempre ali, nem sequer servem para mostrar aos amigos e vizinhos e até quem passe que se têm aqueles magníficos animais porque por e simplesmente eles não estão lá. Estão sim abandonados à sua sorte num pasto qualquer e depois acontece de um se soltar, andar por onde não deve e levar com um carro em cima. E agora, de quem é a culpa? Do bicho é que não é! Livrou-se de mais sofrimento... Quando D. Pimpolha era mais pequenita, parávamos muitas vezes para observar estes animais, ela ria-se muito e queria muito lá ir dar umas festinhas. Eu sempre os adorei e houve um tempo em que de vez em quando ia passear num cavalo, dar uma volta por aí montada num belo animal...( ahahah, quem conheça sabe bem que a grande maioria são autênticas pilecas, que andam diligentemente sempre atrás do cavalo que vai à frente, esse sim um lindo exemplar fogoso apenas reservado ao dono e ao instrutor, nós que pagamos calha-nos uma égua quase em fim de vida mas muito mansinha para não termos problemas com ela...mas mesmo assim eu gostava). Infelizmente D. Pimpolha, num dos dias em que foi à equitação, foi mordida por um cavalo. Nem tive tempo de fazer absolutamente nada, foi ver o bicho agarrar na minha maior preciosidade, sacudi-la e atirá-la de novo ao chão. A sorte, dela e minha, foi o cavalo lhe ter mordido na zona do ombro e das costas porque se lhe tem chagado à cara o caso tinha sido mesmo muito bicudo. A marca ficou, uma manchinha branca, ainda mais branca que a sua pele de menina. Aí tive a noção verdadeiramente de que todos nos animais são animais, quero eu dizer que se comportam como animais que são e de nada vale tentarmos fazer deles uns semi humanos só porque achamos graça. O cavalo não fez por mal, achou que ela lhe ia tirar a comida, ou que estava a invadir o seu espaço e teve medo e defendeu-se da única maneira que conseguiu ou por causa da égua que estava a entrar no cio na box contigua. O que é certo é que em segundos magoou a minha pequenina e eu nada pude fazer senão lamber as lágrimas e recriminar-me por não ter sido melhor mãe. Claro o susto já passou e até mesmo já voltou à equitação, mas nunca fiando, nunca mais. Agora imaginem lá aqueles bandos de cavalos para ali abandonados à sua sorte. Será que não têm raiva, não estão zangados? Ao pé deles é que eu não vou!


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