terça-feira, 9 de abril de 2013

Histórias do meu imaginário! - Mundos Imaginários!


1ª História
-Mamã? Chamou a pequenita...Mamã?
A Mamã apareceu no seu pijama branquinho à riscas laranjas...
-Diz filhota, o que foi?
-Sabes que ali, ao pé da janela há uma porta mágica... Sentou-se na caminha pequenina e apontou com o seu dedinho gordinho.
-Ai é? E o que há atrás da porta? Notoriamente aquela princesa não tinha sono e queria brincar.
-Não posso dizer mamã... é segredo! Sorriu, encolheu os ombros e pôs a mão na boca a tapar os seus dentinhos branquinhos que já tinham começado a cair.... Se te disser como é depois se calhar desaparece...
-Então é melhor não dizeres! Disse a mãe enquanto lhe puxava as cobertas para cima e lhe dava um beijo na testa de boa noite, de novo... Toca a dormir princesa. Pode ser que lá voltes hoje.
A pequenita sorriu de novo e aconchegou-se bem nos seus lençois quentinhos e cor de rosa. Esperou a sua mãe sair do quarto e num ápice destapou-se e saiu da cama. Pé ante pé, descalça e de camisa de dormir, foi até à porta imaginária. Quem visse de fora nada via, era apenas uma parede como tantas outras, pintada de cor malva... no entanto quando a pequenita estendeu a sua mãozinha sapuda, uma maçaneta dourada surgiu do nada... Tinha olhinhos e boca e expressão bondosa e disse baixinho...
-Só tu podes entrar.
 Só tu podes saber.
 Só tu tens o poder.
 Só tu podes sair... e a porta surgiu brilhante e branca de uma parede vazia.
A pequenita já a tinha visto antes mas nunca se cansava de admirar e abria muito a boquinha de espanto. Rodou a maçaneta com cuidado, abriu a porta e uma luz rosa iluminou o seu quarto. Abriu-a mais um bocadinho e, olhando para a porta do seu quarto que sua mãe tinha encostado, passou para aquele mundo encantado. Borboletas de lindas cores surgiam de todos os lados, pairavam em cima da sua cabeça cor de mel e pousavam na pontinha do seu nariz. A pequenita ria-se muito porque lhe faziam sempre cócegas. Umas eram grandes, outras pequeninas, tinham as asas de mil cores e parecia que alguma criança as tinha desenhado porque tinham bochechas redondinhas e estavam sempre a sorrir. Ali não havia frio nem calor, tudo era muito colorido e parecia um desenho de criança. O sol tinha olhinhos, nariz, boca e bracinhos e fazia-lhe adeus lá de cima. As nuvens eram azuis muito clarinhas e bailavam no céu, de encontro umas às outras e riam-se muito e largavam gotas de água que não molhava e nem se desfazia quando tocavam o chão. As gotinhas de água também tinham olhinhos e boca e perninhas e bracinhos muito pequeninos e assim que chegavam ao chão, corriam logo para um elevador dourado que as levava de volta para o céu e as depositava nas nuvens. Passavam assim os seus dias como se de um parque aquático se trata-se. Gostavam muito de escorregar no Sr Arco-Íris. Deitavam gritinhos eufóricos e desciam juntas, cada uma na sua cor até ao chão. O azul era mais rápido que o amarelo e o verde mais acidentado que o laranja. A pequenita batia palmas e dava pulinhos de alegria, e enquanto pulava ia ficando mais pequenina. Depois corria de mãos dadas com duas gotinhas e subia no elevador e descia pelo Sr Arco-Íris. Quando se fartava da brincadeira dizia adeus às suas amigas e ia visitar o Sr Caracol. Divertia-se muito a empurrá-lo porque era muito lento e demorava um tempão a chegar de um lado para o outro. Tinha um chapéu de palha por onde saiam os seus "corninhos" que ela já sabia ser os olhinhos. Em volta um cachecol às riscas de várias cores, muito grande. Tão grande que o arrastava atrás de si. A pequenita sempre se interrogava porque andava o Sr Caracol com um cachecol já que ali nunca estava vento nem frio. Empurrava-o com os seus bracinhos pequeninos e com quanta força tinha mas não fazia diferença, o Sr Caracol movia-se sempre à mesma velocidade e parecia contente com isto. Dizia-lhe adeus e antes de o deixar dava sempre uma dedada num dos corninhos só para o ver encolher e depois voltar ao normal. Ria-se porque o Sr Caracol também se ria. Fazia-lhe lembrar o avozinho porque ela, tão traquina que era como qualquer criança, fazia muitas tropelias ao avozinho e ele apenas se ria e nunca se zangava. As árvores eram doces, aliás, eram chupa chupas gigantescos cheios de cores e sabores e os passarinhos passavam o tempo a lambe-los o que lhes provocava muitas cócegas e os faziam rir. Então era vê-los a tremer de riso e pareciam que se mexiam...e mexiam mesmo, tiravam as suas raízes da terra e desatavam a correr para outro lado a tentar fugir dos passarinhos. Tinham ténis vermelhos nas suas pernas palito e corriam muito depressa, curvados com o peso das cabeças de árvore coloridas. Quando chegavam onde queriam, voltavam a enterrar as raízes ténis no chão e fingiam esconder-se, como se isso fosse possível, dos amigos passarinhos. Até onde a vista alcançava, via-se relva verdinha que baloiçava como se houvesse vento, mas na realidade a relva estava a dançar ao som das abelhas que andavam muito atarefadas a beijar papoilas muito vermelhas e muito sorridentes.  Era um quadro digno de se ver. As cores vibravam e a pequenita punha-se a correr para ver as abelhas carregadinhas de pólen colorido. Quando lhe passavam por cima, chovia pólen de todas as cores e a pequenita virava a sua cabecinha para o céu e fechava os olhos e estendia a língua de fora porque o polén era doce e tinhas muitos sabores. Morango, laranja, chocolate, caramelo... Curiosamente todos os sabores que mais gostava. Ela dançava por uns momentos com a relva e depois corria até uma colina que em vez de ser verde ou castanha era vermelha e tinha círculos pretos. Subia para as costas da D Joaninha e cavalgava pelo reino mágico. D Joaninha tinha muita paciência para ela. A pequenita contava-lhe o seu dia a dia e quando tinha problemas lá na escolinha, era á D Joaninha que ela contava. A D joaninha nunca lhe respondia ou dizia se se tinha portado mal ou bem. Limitava-se a ouvir e a acenar com a cabeça como quem entendeu o que ouviu. Era parecida à sua avózinha, grande e gorducha sempre pronta para lhe dar mimos e para ouvir as suas histórias mirabolantes. A pequenita acabava por dar as próprias opiniões e respostas às questões que a incomodavam ou achava curiosas. Quando achava que já sabia o que queria, escorregava pela D Joninha abaixo, tentava dar-lhe um abraço sem nunca conseguir abranger todo o corpo da D Joaninha e continuava o seu caminho por um carreiro amarelo que parecia nunca ter fim. Enquanto caminhava ia cantando e dançando e dava voltas e voltinhas de braços no ar como uma bailarina. Às vezes apareciam notas musicais à sua volta que também elas rodopiavam sobre si mesmas e à sua volta e pareciam saber sempre a música ao som da qual a pequenita estava a dançar. As notas batiam palmas com mãos muito pequeninas ao mesmo tempo que deixavam sair os seus sons, uns agudos, outros graves. A pequenita seguiu pelo trilho e encontrou um lago de águas cristalinas onde se podia ver como se de um espelho se trata-se. Peixinhos de todas as cores nadavam por ali, uns saltavam da água ao vê-la lançando mais gotinhas que depois corriam a dar um mergulho de volta ao lago.A pequenina tinha medo de nadar, ainda não tinha aprendido e tinha medo de lá cair. Mas uma cegonha de cor salmão e barbas brancas que por ali estava apenas apoiada numa perna, convidou-a a saltar para o seu dorso e com grande alarido levantou voo e voou em voo rasante sobre as águas. De inicio tinha medo de cair mas depois e muito entusiasmada batia palmas e dava gritinhos de satisfação ao ver de cima os peixinhos todos com as cabeças fora de água a olhar para cima e a vê-la passar. Entoavam uma musica de embalar que lhe lembrava o seu pai a trautear, quando a estava a ensinar a nadar no mar tão grande. Ele cantava porque sabia que a música a acalmava. De repente a pequenita desiquilibrou-se e escorregou pela  D. Cegonha abaixo e antes sequer de ter medo, a pequenina foi salva pelos braços do Sr Vento que não fazia vento mas gostava de por ali andar a visitar os peixinhos. Os olhos do sr Vento pareciam-se mesmo com os do seu pai, grandes, azuis, tão azuis que quase pareciam fundir-se com a cor do céu. O Sr Vento ria e dava voltas no ar com a pequenina nos braços bem aconchegada e muito suavemente foi coloca-la numa ilha no meio do lago branca ás riscas laranjas, que afinal eram fitas de embrulho aveludadas. A ilha era muito pequenina, quadrada como uma ilha não devia ser. As fitas mais pareciam escorregas fofinhos e a pequenita começou a bocejar. Ao longe viu surgir um menino com asinhas de penas brancas e fofinhas. Era o João pestana assim chamado porque os seus olhos eram grandes, castanhos e com umas pestanas enormes que lhe davam um ar muito engraçado. Vinha devagarinho, muito devagarinho mas vinha descendo sobre a pequenita que se deitou naquelas fitas tão fofinhas que pareciam estar a afagar-lhe o rosto, tal qual sua mãe lhe fazia para a adormecer e sentiu um beijinho no alto dos seus cabelos cor de mel.
A mamã tirou a sua pequenita do colo e voltou a deitá-la na cama.
Tinha ouvido um barulho vindo do quarto dela e voltou a lá entrar. A pequenita dormitava no chão, muito enroscada junto à janela e sua mamã pegou nela e sentou-se naquela caminha verde cheia de bonecos coloridos e passou-lhe a mão nos seus cabelos  e na sua pele branca e rosada e deu-lhe um beijinho na testa. Ficou a pensar como teria a sua pequenina ido parar ali, fora da cama, ao pé da janela, ao pé da porta mágica... Que saudades tinha de lá entrar, mas já era crescida e agora era a vez da sua princesa sonhar e entrar no reino da imaginação. Riu-se olhando mais uma vez o seu tesouro mais precioso e foi fechando a porta ao mesmo tempo que dizia.
-Só tu podes entrar.
 Só tu podes saber.
 Só tu tens o poder.
 Só tu podes sair...



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